Pitacos sobre um Museu Vivo do Nordeste

Redescobrir o cotidiano de um Nordeste multicultural, onde as definições das fronteiras políticas artificiais são superadas pelas regionalidades construídas nas semelhanças e dessemelhanças de tantas etnias reunidas.

Perceber em cada artefato, a importância de sua inclusão na vida de nossos vários sertões brejos e cariris, desvendando na história de cada um o quanto somos tupis, africanos e ibéricos.

Entender por que tecnologias universais foram incorporadas e elementos culturais reinventados, o que possibilitou a formação de um mosaico de saberes tão diversificados, porém harmônico.

Neste sentido construímos um museu vivo, no quintal de uma casa, originado de encontros poéticos e musicais em torno de um fogão à lenha, pilões, panelas de barro e todo tipo de mangaio, expondo nosso passado tanto no que ele teve de trágico quanto de grandioso, ressaltando as peculiaridades de suas falas, seus ofícios e suas artes sem folclorizá-lo.

Portanto, a universalidade da globalização não exclui as permanências locais e regionais. Ao contrário preservar os elementos que compõem as bases de nossas culturas, mantendo os pés firmes como raízes, porém com as cabeças voltadas para o que rola na roda da vida e no giro da história, incorporando sem substituir e inovando sem sucatear o que nos foi legado.

Adonhiran Ribeiro dos Santos

Professor contador de história(s) – UEPB

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Cordéis do Mini-Curso Literatura de Cordel

Meus Primeiros Cordéis
.
Nunca pensei em fazer
Poema, rima coisa e tal
Eu gostava era de ler
Até bem chegar ao final
Cordel nem pensava fazer
Parecia sobrenatural.
.
O primeiro cordel que li
Muito me emocionava
Fala de umm galo que
Uma raposa estuprava
A história era boa
Mas, alguns não agradava.
.
Outro foi pro vestibular
Li mais por obrigação
Era de um paraibano
De nome José e não João
Falava de um mistério
O romance de um tal pavão.
.
Depois de lê me interessei
Pelo romance do pavão
O poeta foi criativo
Na história dos “irmão”
Que no fundo só queriam
Viver uma grande paixão.
.
Foram dois anos
Que esse cordel fui ler
Depois só em 2011
Quando um trabalho fui fazer
Nele li o cordel muitas vezes
Só pra poder transcrever.
.
A história era das antigas
Do periodo Medieval,
Quem fez ele foi Michelle
Só pra parecer a tal
Era o conto de um capeta
“De corpinho sensual”.
.
Depois disso só a batalha
Das Cordelistas fui ver
Eram Thuca e Michelle
Que uma peleja foro fazer
A homenagem era pra Adon
Por quem tem bem querer.
.
Resolvi então aqui
Desses três falar,
Adon, Michelle e Thuca
Não há como não mencionar
Pelos três tenho um carinho
Ninguém há de negar.
.
Adon é um “cabra” bom,
Professor massa demais
Com uma singularidade
Dos tempos Medievais
De vocabulário estranho
Sem parecer marginais.
.
A galera ele conquista
Como ele não há igual
Um típico nordestino
De visual sensacional
Barba, brinco na orelha
Sem nada de anormal.
.
Esse é Adonhiran
E é só pra começar
Pra falar dele por completo
Um cordel teira que inventar
Ele é um ser único
Merecido a se estudar.
.
Agora é de Thuca
De quem vou falar
Menina bem dedicada
Que adora brincar
Com ela não tem jeito
Sério não dá pra ficar.
.
Thuca é uma figura
Muito da corajosa
Às vezes sem juízo
Utiliza-se da prosa
Todos ela conquista
Estou aqui de prova.
.
Ela faz coisas que
Na sala ninguém faz
Sacaneia a galera
E professor até é capaz
Thuca não tem juízo
É a conclusão que se faz.
.
Foi por conta de Adon
Que Michelle começou a fazer
É um cordel por semestre
Que ela se põe a escrever
De cordelista já a chamo
Isso com todo prazer.
.
Michelle é uma guria
Muito da inteligente
Nota dez ela só tira
Da até inveja na gente
Isso claro é brincadeira
Pois inveja ninguém sente.
.
Ela poucos entendem
É complicada demais
Pode até tentar
Quero vê se é capaz
Isso é um feito
Que pouca gente faz.
.
Comigo foi diferente
Que veio a sensação
Estava sentada e lendo
Um texto muito “chatão”
Foi dai que de repente
Veio a tal inspiração.
.
Não perdi tempo algum
E me pus a escrever
Peguei caderno e lápis
E comecei a fazer
Esse longo cordel
Que você está a ler.
.
Esse é o primeiro cordel
Que inventei de fazer
Se ficou bom não sei
Você que vai dizer
Espero sinceramente
Que tenham prazer ao ler.
.
Pra fazê-lo fui lá atrás
Só pra recordar
Meus primeiros cordéis
Não estou a exagerar
Isso é pura verdade
Pena que não posso provar.
.
Foram muitos cordéis que li
Disso eu sei bem
Mas é dos primeiros
Que eu me lembro bem
E o primeiro em especial
É por quem quero bem.
.
Esse cordel Michelle
Me ajudou a fazer
Coisas ela dizia
Eu me punha a escrever
Não é atoa que a ela
Tenho muito a agradecer.
.
Vou ficando por aqui
Espero que tenham gostado
Pode ter ficado estranho
E até meio engraçado
Mas fiz com carinho imenso
Só espero ter agradado!
.
(Autora: Tércia Fernanda da Silva)
No museu vivo do nordeste
I
Nesta semana de maio
Tivemos uma boa acolhida
Para celebrar a vida
Brilhamos como um raio
Pintura, poesia e ensaio
Que a gente da prazer
Lembrando o jeito de ser
Na literatura se investe
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
II
Pra quem gosta de pintura
Para a vida embelezar
Arnilson veio ensinar
A arte da xilogravura
Sentado no ponto de cultura
As ferramentas lhe dão poder
Pra com carinho fazer
O sagrado virr terrestre
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
III
O cordel também presente
Deu sua contribuição
Sextilha, quadra e quadrão
Mourão do cantador de repente
Que encantou muita gente.
Como se faz acontecer
Tirá da mente e fazer
Verso mundano ou celeste
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
IV
Assim que se vai chegando
Você é bem recebido
Pelo professor querido
Quem vem logo nos comprimentando.
Manda logo e entrando
Se acomode com prazer
Escolha o que quer ver.
Patativa ou Lampião cabra da peste.
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
V
Tem faca, foice e facão
Maquina antiga de costura
Instrumentos da agricultura
Que se usa no sertão.
Tem ancoreta, cangalha e mourão
Panelas pra se cozer
Óculos antigos de ler
Cordéis do sul e do leste
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
VI
Tem relógio que marcava
O tempo das cantorias
Onde com alegrias
O povo se encontrava
Tem dinheiro que comprava
A terra pra se viver
Tem mesa pra comer
Onde na cabeceira sentava o mestre.
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
VII
Tem altar para os santos
Serem bem venerados
Poois se tinha os cuidados
Com seus poderes e encantos
Tem Maria e seus mantos
Num altar pra se benzer
Para assim amanhecer
A paz no lar campestre
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
VIII
Tem balança de precisão
Rádio antigo “danado”
Tem maritaca, bulhe e machado
?????? antigo e pilão
Pendurado ou pelo chão
É preciso te dizer
Tem coisa bonita pode crer
Tem coba que a linha reveste.
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
IX
Tem ferro de ferrar gado
Com a marca do seu dono
Tem cadeira para o sono
Depois do labor realizado
O sertanejo é eternizado
Depois de cumprir o dever
Sem imaginar o que vai acontecer
No sertão ou no agreste
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
X
Para a alegria do lugar
E reina a paz
Tem plantas que nos traz
Um momento singular.
Para refletir ou pensar
Com a harmonia permanecer
Entre o homem do saber
E a natureza silvestre.
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
XI
Lembranças vamos levar
Dos colegas e companheiros
Hoje poetas ??????????
Na literatura popular
E quando a gente se encontrar
Vamos logo dizer
Com alegria e prazer
O que em tua casa fizeste.
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
XII
Quero agradecer com alegria
A Adonhiran o que aqui vivi
E tudo que aprendi
Com a sua simpatia
Eu voltarei outro dia
Isto vai acontecer
Queremos falar pra você
Estamos felizes pelo que nos deste
No Museu Vivo do Nordeste
Tem muita coisa pra ver.
.
(Autor: Antonio F.)
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Histórias de um Capeta: um cordel desencantado
.
Eu vou contar uma história
Lá da Europa Ocidental
Onde o medo existia
No mundo medieval
Se aconcheguem, ouçam bem,
O meu conto sobrenatural.
.
A pergunta era certa
Quem tinha medo do que?
Da lua, trevas ou sombras?
Que faz o corpo tremer
Lugares onde o mal se encontra
E nem se pensa em conhecer.
.
De fabtasmas à demônios
O outro torna-se inimigo
Não se sabe o que é pior
Medo até de falecido
Tudo causava arrepios
Quando era desconhecido.
.
Neste cenário inumano
Há parteiras e curandeiras
De quem todos desconfiavam
Por seus modos traiçoeiros
E por isso não escapavam
Da fama de feiticeiros.
.
Epidemias tinham de “mói”
E a peste todos temiam
Seja a negra, varíola ou tifo
Algo estranho eles sentiam
Provocando um rebuliço
Na Europa pessoas morriam.
.
Neste diáçogo com o medo
Tudo torna-se ameaçador
O mar, a fome e a noite
Causando em todos pavor
E ainda vem o meu nome:
Lúcifer, ao seu dispor!
.
Há quem me chame de satã
Demônio, capeta e coisa e tal
Mais uma coisa eu garanto
Sou um facínora do mal.
Com meu nome não me importo
Como a mim não tem igual.
.
O domínio do mar eu tenho
E da potencia infernal,
Onde todo temor abunda
Algo for a do normal
Meus agente são se ruma
Habito um corpinho sensual.
.
Das heresias sou dirigente
E por isso assustador
Pra finalizar: tomem cuidado
Pois eu sou superior
Estou por todos os lodos
Nem adianta pedir clamor.
.
(Autora: Michelle Santino Fialho)
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Oficina de Xilogravura

A Arte de Xilogravar

“Tinta no rolo
Rolo na madeira
Madeira no papel
Conheça a xilogravura
A arte que está presente
Na capinha do cordel”
{autor: Thiago Almeida}

Confira!

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Mini-Curso Literatura de Cordel

O fantástico e (des)conhecido mundo da literatura de cordel

“Pegue uma esferográfica
ou mesmo um grafite preto
e imagine uma história
na forma de poemeto
vá preenchendo o papel
por fim terá um cordel
um romance ou um folheto”
{autor: Manoel Monteiro}

Confira!

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