Robson de O. Silva

Relato de experiência no Museu Vivo do Nordeste

A partir da nobre oportunidade de participar do Projeto de Extensão do Museu Vivo do Nordeste me senti impelido a conhecer de forma mais profunda as relações entre o nosso patrimônio material e imaterial e a nossa cultura e História. O contato com o ambiente vivo do museu possibilitou-me vários insights que se remetem a possibilidades de pesquisas relacionadas à história da vida de homens e mulheres da região Nordeste com base em seus utensílios e ferramentas cotidianas, assim como as possibilidades do uso dessa ampla gama de conhecimentos aplicados à prática docente.

Além do olhar acadêmico – do ponto de vista de quem estuda História – sobre a paisagem do museu e às histórias enunciadas em cada peça, também pude experimentar sentimentos e memórias comuns a qualquer pessoa que de uma maneira ou outra já vivenciou experiências com peças presentes no Museu, desde a menor e mais simples peça até a mais estranha a sua memória. A partir dessa leitura emocional do vislumbre do acervo do Museu atrelado à organização impar, que se aproxima bastante da disposição real das peças (Panelas sobre o fogão, a mesa junto à cozinha, os utensílios de higiene pessoal rente à penteadeira, as malas penduradas nos caibros, etc.), pude relacionar ao projeto do museu uma importante papel social: o de possibilitar o contato com a memória latente a cada peça e ao ambiente em si, proporcionando momentos de nostalgia e emoções diversas.

O conjunto acervo-paisagem típico desse museu também nos remete à noção de lugar, onde esta categoria geográfica está relacionada à memória ligada a um determinado espaço vivido, como também se remete ao contexto mais macro relacionado à categoria de região (divisão do espaço estabelecido por características de clima, relevo, cultura, identidade, etc.), onde neste caso se remete à região nordeste, com seus costumes e peculiaridades. Estas categorias podem ser analisadas não só pela Geografia – em um caráter de pesquisa ou didática – como também pela História com as mesmas finalidades citadas.

O projeto de extensão possibilita também externar o conhecimento adquirido na academia e trocar informações com os visitantes que por vezes narram a sua própria memória relacionada ao ambiente do museu. Dessa forma, relacionando-se com a comunidade que faz uso do espaço do Museu Vivo, podemos não só informar os visitantes sobre os aspectos históricos do contexto como também compartilhar experiências próprias e possibilitar uma imersão imaginária no passado a partir do presente.

Em resumo, a minha experiência com o Museu Vivo do Nordeste e com o Projeto de Extensão que nasce junto ao museu me fez entrar em contato com um acervo impar, onde os patrimônios materiais e imateriais dão-se as mãos e transformam um espaço doméstico em uma representação do passado a partir da memória e da história de um povo, de uma região e de um Brasil onde suas dimensões continentais e étnicas levaram a construção de uma História rica e multifacetada.

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